Maranhão e Alagoas lideram ranking da dependência

Uma realidade escancarada pelos números: em 12 das 27 unidades da federação, há mais beneficiários do Bolsa Família do que trabalhadores com carteira assinada. O dado, revelado em levantamento do portal UOL com base nas estatísticas do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), revela o peso ainda dominante da assistência social em regiões historicamente marcadas pela baixa formalização do trabalho.
Todos os estados com esse desequilíbrio estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste. Em Alagoas, por exemplo, 533 mil pessoas recebem o Bolsa Família, enquanto apenas 454 mil possuem emprego formal. O cenário mais crítico é o do Maranhão: 1,2 milhão de famílias são atendidas pelo programa social, ante 669 mil empregos com carteira assinada.
Apesar da gravidade, os dados indicam uma reversão gradual. Desde janeiro de 2023, o número de trabalhadores formais cresce mais rápido que o de beneficiários. Em 2022, auge da expansão dos auxílios emergenciais pós-pandemia, 13 estados estavam nessa situação — hoje, são 12.
O recuo revela dois movimentos simultâneos: a recuperação do mercado formal de trabalho e a diminuição no número de beneficiários do programa social. Em janeiro de 2023, os beneficiários do Bolsa Família correspondiam a 49,6% do total de trabalhadores formais. Em agosto de 2024, essa taxa caiu para 42,6%.
Santa Catarina mostra o retrato oposto: para cada beneficiário, há 11 empregados formais. Um contraste que aprofunda o abismo regional e reforça os desafios do desenvolvimento econômico e social em grande parte do país.
Os dados expõem mais que uma estatística: revelam um país ainda dividido entre a dependência do Estado e o acesso à renda por meio do trabalho formal. A queda na proporção é sinal de recuperação, mas o desequilíbrio regional mostra que o caminho da autonomia financeira ainda é distante para milhões de brasileiros.
Fonte: UOL