O ministro da Fazenda, Fernando Haddad / Crédito: Flickr/@ministeriodaeconomia

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), se reúne neste domingo (8.jun), na residência oficial do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em Brasília, para apresentar alternativas à proposta de aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A medida, anunciada em maio, visa reforçar a arrecadação federal, mas enfrenta forte resistência no Congresso e no mercado financeiro.

Articulação política no Lago Sul

A reunião está marcada para as 18h e contará com a presença da ministra da articulação política, Gleisi Hoffmann (PT). O objetivo do encontro é discutir uma proposta alternativa que evite a alta do IOF, atendendo à cobrança de líderes partidários. O Senado também deve promover uma discussão semelhante, embora o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), ainda não tenha marcado data.

O governo deve apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), um projeto de lei e estuda ainda o envio de uma Medida Provisória (MP). A alta do imposto sobre cartões de crédito internacionais deve ser mantida pelo menos até o fim de 2025.

Fundeb e subsídios na mira da tesoura

A equipe econômica avalia medidas estruturais para compensar a renúncia fiscal, como a revisão e eventual extinção de subsídios tributários a partir de 2026. Outra proposta em análise é a desaceleração no aumento de repasses da União ao Fundeb. Em 2025, o gasto previsto com o fundo é de R$ 58,8 bilhões — alta de 18,3% em relação a 2024.

Essa proposta vem sendo discutida com Davi Alcolumbre, que condiciona a manutenção do IOF a reformas estruturais mais amplas. Segundo ele, “não dá para tratar isoladamente o problema das contas públicas do país. São agendas sensíveis, mas que precisam ser debatidas”.

Base do governo vê risco político em ano pré-eleitoral

Parlamentares da base aliada admitem que o corte em áreas como saúde e educação é politicamente delicado e pode comprometer o discurso de campanha do presidente Lula (PT) em 2026. A esquerda resiste fortemente à ideia, e há dúvidas sobre a viabilidade política da proposta.

IOF: de solução fiscal a dor de cabeça política

O aumento do IOF, anunciado em 22 de maio para ajudar o governo a atingir a meta de déficit zero em 2025, previa arrecadar R$ 20,5 bilhões. A medida, somada ao bloqueio de R$ 31 bilhões no Orçamento, foi imediatamente rejeitada por parlamentares e pelo mercado. Pelo menos 19 Projetos de Decreto Legislativo (PDLs) foram apresentados para revogar o decreto de Haddad.

Com a pressão, o governo recuou parcialmente, e a estimativa de arrecadação caiu para R$ 19,1 bilhões. O Congresso deu um prazo de 10 dias para Haddad apresentar uma alternativa. Caso contrário, Hugo Motta deve pautar um dos PDLs no plenário.

Crise interna: Lula defende ministro, mas expõe desgaste

Na tentativa de conter o desgaste, o presidente Lula almoçou com Haddad, Motta e Alcolumbre. Um acordo foi costurado, mas os detalhes do novo pacote estão sendo mantidos em sigilo até que os líderes da Câmara sejam informados.

Haddad afirmou que o IOF será mantido em 3,5% até que as novas propostas sejam aprovadas. “Estamos bastante seguros de que elas são justas e sustentáveis, tanto do ponto de vista social quanto econômico”, disse o ministro.

Mesmo assim, o desgaste é evidente. Na última terça-feira (3.jun), Lula minimizou o episódio, mas afirmou que Haddad agiu no “afã de dar uma resposta”. O ministro, por sua vez, antecipou suas férias previstas para julho e ficará fora de Brasília entre os dias 16 e 22 de junho — transformando o feriado de Corpus Christi em um recesso prolongado de 9 dias.

Oposição excluída e mobilizada contra o decreto

Líderes da oposição, como os deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Zucco (PL-RS) e Carol Detoni (PL-SC), não foram convidados para o encontro com Haddad. Em entrevista ao Poder360, Sóstenes reiterou que o grupo segue firme na defesa da revogação do decreto do IOF.

Fonte: Poder360

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