
Instrumento inédito criado pelo Governo do Estado deve alavancar até R$ 2 bilhões para financiar inovação e infraestrutura no campo, em parceria com cooperativas e integradoras.
O governador Carlos Massa Ratinho Junior formalizou nesta terça-feira (17) o aporte inicial de R$ 261 milhões no Fundo de Investimento Agrícola do Paraná (FIDC Agro), primeiro instrumento estadual de crédito rural do Brasil. A operação foi viabilizada pela Fomento Paraná, com participação da cooperativa C.Vale e do Sicredi.
Criado para conectar o mercado de capitais ao campo, o fundo tem potencial de alavancar até R$ 2 bilhões em financiamentos destinados à modernização da produção agropecuária. A proposta é fomentar projetos estruturantes com foco em inovação, renda e sustentabilidade nas regiões produtoras, em especial por meio de cooperativas e empresas integradoras.
Segundo o governador, o fundo representa um marco histórico. “É a primeira vez que um governo estadual estrutura um fundo profissional de crédito rural com foco direto no produtor. O FIDC Agro nasce com juros menores que os do Plano Safra, prazos de até dez anos e menos burocracia, permitindo que pequenos e médios agricultores invistam em tecnologia e infraestrutura com segurança e previsibilidade”, afirmou.
Primeira operação
A primeira operação vai financiar a construção de 96 aviários, tanques de piscicultura sustentáveis e matrizeiros – estruturas essenciais para a cadeia avícola. Os recursos têm origem no aporte de R$ 52 milhões da Fomento Paraná, R$ 112,8 milhões da C.Vale e R$ 96,2 milhões do Sicredi.
A Fomento Paraná atua como cotista sênior, oferecendo estabilidade ao fundo, enquanto a gestão dos recursos é feita pela Suno Asset. O modelo permite maior previsibilidade aos produtores e oferece aos investidores retorno atrelado à performance dos financiamentos concedidos.
“O Paraná mais uma vez sai na frente ao criar um instrumento robusto, que une governo, cooperativas e o setor financeiro em torno do desenvolvimento rural. Esse fundo vai ajudar a destravar investimentos e aumentar a competitividade do agronegócio paranaense”, destacou Ratinho Junior.
Foco em estrutura, não em custeio
O FIDC Agro se diferencia por priorizar investimentos de capital – como estruturas físicas, máquinas e equipamentos agrícolas e industriais. Não contempla custeio de safra nem compra de terras. A ideia é suprir lacunas do crédito federal, cuja demanda tem superado a oferta.
O presidente da Fomento Paraná, Claudio Stabile, explica que a iniciativa surge da confiança entre os atores envolvidos. “Esse fundo nasce para atender às necessidades reais do campo com mais agilidade. Estamos estruturando novos aportes com outras cooperativas e agroindústrias, que somam mais de R$ 1 bilhão em projetos em análise”, disse.
A C.Vale, por exemplo, deve investir R$ 375 milhões até o fim de 2025 por meio do FIDC. “Estamos falando de um modelo que garante liquidez, reduz riscos e oferece crédito mais competitivo. É uma inovação que beneficia toda a cadeia”, afirmou o presidente do Conselho da cooperativa, Alfredo Lang.
Solidez fiscal e protagonismo
O secretário estadual da Fazenda, Norberto Ortigara, destacou que a criação do fundo só foi possível graças ao equilíbrio das contas públicas. “Nosso caixa está sólido e permite investimentos estruturantes como esse, num momento em que o governo federal enfrenta dificuldades para financiar o agro”, disse.
O FIDC também consolida o protagonismo do Paraná na agroindústria nacional. “Estamos ofertando crédito de longo prazo, com carência e juros acessíveis. Isso fortalece o produtor, a agroindústria e toda a cadeia produtiva”, avaliou o secretário estadual da Agricultura, Márcio Nunes.
Como funciona
O fundo funciona como uma plataforma de crédito estruturado. Cooperativas e integradoras organizam projetos, fazem a ponte com os produtores e avalizam as operações. Os cotistas recebem conforme os pagamentos dos financiamentos.
Ao produtor, o modelo oferece crédito com menos burocracia, taxas mais atrativas e prazos mais longos. Já aos investidores, oferece retorno baseado em ativos reais e de risco diluído.
“O Estado está pronto para ampliar sua participação, desde que os projetos sigam critérios técnicos e de governança. A ideia é pulverizar o acesso ao crédito de investimento no campo, gerando desenvolvimento em todas as regiões”, concluiu Claudio Stabile.
Fonte:AEN