
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1,4% da população de Curitiba foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esses dados constam no levantamento preliminar do Censo Demográfico de 2022.
Com base na população estimada da cidade em 2022, que é de 1.773.718 habitantes, mais de 24 mil curitibanos possuem esse diagnóstico. O estudo também aponta que há cerca de 4,9 mil crianças entre 6 e 14 anos com TEA em Curitiba.
A maioria dos diagnósticos ocorre ainda na infância. Já na fase adulta, muitas vezes o transtorno não é identificado, pois o próprio paciente pode não reconhecer os sintomas.
O neuropsicopedagogo Leonardo Costa explica que o diagnóstico deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, embora a legislação permita que médicos neurologistas façam essa identificação sem a necessidade da participação de outros profissionais.
“Na primeira infância, espera-se que a criança desenvolva certas habilidades, como falar, andar e se comunicar. Caso isso não aconteça, esses aspectos podem ser avaliados em conjunto por diversos especialistas”, destaca.
Suporte e conscientização
É comum ouvir que “todo mundo tem autismo” atualmente. Essa impressão, segundo Costa, ocorre porque há mais informação disponível para que as pessoas busquem ajuda, além das mudanças na nomenclatura, como a substituição do termo Asperger por TEA suporte 1.
Além disso, os direitos das pessoas com TEA avançaram nos últimos anos. No Paraná, por exemplo, entre 2020 e 2022, foram emitidas 5.383 carteirinhas do autista, conforme dados do Governo do Estado. Entre 2023 e 2025, esse número cresceu rapidamente, chegando a 30.698 documentos emitidos.
Mesmo com esses avanços, o neuropsicopedagogo ressalta que nem todas as cidades possuem estrutura adequada para atender pessoas com TEA. “O diagnóstico e o suporte dependem do acesso a profissionais qualificados, o que nem sempre está disponível, principalmente em municípios menores”, explica.
Em Curitiba, quem tem diagnóstico de autismo pode procurar atendimento em diferentes locais, como a Associação de Atendimento e Apoio ao Autista (Aampara), que conta com psicóloga, fonoaudióloga, assistente social, terapeuta ocupacional e outros profissionais que oferecem atendimento multidisciplinar para crianças e adolescentes.
Na rede pública, o acompanhamento de crianças com suspeita de TEA começa nas unidades básicas de saúde. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, crianças entre 18 e 24 meses passam por avaliação médica utilizando o questionário M-CHAT, um instrumento de triagem para autismo. Caso o resultado indique atraso no desenvolvimento, a criança é encaminhada para avaliação especializada, como no ambulatório Encantar.