Nova planta será a primeira da Linglong na América do Sul e deve gerar até 3,5 mil empregos diretos; projeto consolida Ponta Grossa como polo industrial estratégico no Paraná.

A cidade de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, será sede da primeira fábrica da gigante chinesa Linglong Tire na América do Sul, resultado de uma parceria com a brasileira XBRI Pneus. Com investimento de R$ 6,7 bilhões, o empreendimento é o segundo maior da história recente do Paraná, atrás apenas do Projeto Puma II da Klabin, em Ortigueira, que somou R$ 12,9 bilhões entre 2019 e 2023.
O anúncio foi feito nesta quarta-feira (5) ao governador Carlos Massa Ratinho Junior. A construção da planta deve começar em setembro deste ano, em um terreno de 1,4 milhão de metros quadrados, já projetado para futuras expansões que incluirão fornecedores, centros de pesquisa e até estruturas de hospedagem para executivos e colaboradores.
Segundo a XBRI, a expectativa é que a fábrica empregue 1,3 mil pessoas na primeira fase, podendo chegar a 3,5 mil empregos diretos quando estiver em plena operação. Além disso, mais R$ 4 bilhões devem ser investidos no complexo industrial com infraestrutura complementar, centros de treinamento e Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). Estima-se que a presença de empresas satélites e fornecedoras pode gerar até R$ 22,5 bilhões em receitas adicionais, segundo projeções da Invest Paraná.
A Linglong, maior fabricante de pneus da China e líder global no fornecimento para veículos elétricos, buscava um local estratégico para expandir suas operações no continente. “A Linglong estuda o mercado brasileiro há mais de 10 anos. O Brasil, por sua dimensão e frota veicular, é estratégico. Aqui, as pessoas rodam muito de carro, o que faz desse um mercado altamente atrativo”, afirmou Eduardo Bekin, diretor-presidente da Invest Paraná.
A sinergia com a XBRI, que atua fortemente no segmento de pneus de reposição, cria uma cadeia produtiva robusta para abastecer tanto montadoras quanto o mercado de pós-venda. A planta também estará próxima de fábricas como Renault e Volkswagen, otimizando a logística de fornecimento.
De acordo com Bekin, a Invest Paraná já iniciou um roadshow internacional para atrair empresas do setor automotivo para o entorno do novo complexo. “Estamos em tratativas avançadas com quatro empresas da Ásia. A meta é transformar Ponta Grossa em um novo polo automotivo sul-americano.”
A estrutura projetada não se limita à produção industrial. O plano prevê a construção de barracões industriais, hotéis e áreas de serviços, criando um ecossistema completo para funcionários e executivos. Isso reforça o objetivo de longo prazo: consolidar o Paraná como hub logístico e industrial da América do Sul.
Histórico de grandes investimentos no Paraná
O empreendimento da XBRI/Linglong apenas reforça a pujança industrial do Paraná, que já acumula mais de R$ 300 bilhões em investimentos privados desde 2019. Esse ambiente favorável se deve à combinação entre logística estratégica, mão de obra qualificada e incentivos como o programa Paraná Competitivo.
Com iniciativas como a criação da marca Paraná e políticas públicas voltadas à atração de grandes empresas, o Estado alcançou índices históricos de empregabilidade: atualmente, a taxa de desocupação é de 4%, a quarta menor do país. Somente em 2025, até abril, já foram abertas quase 80 mil vagas com carteira assinada, segundo dados do Caged.
Além da nova fábrica de pneus, o Estado abriga também empreendimentos como a planta da Mars, inaugurada recentemente em Ponta Grossa para produção de alimentos pet, e o Projeto Puma II da Klabin, que dobrou a capacidade produtiva de papel em Ortigueira e gerou mais de 33 mil empregos diretos e indiretos ao longo de quatro anos.
O anúncio da megafábrica da XBRI e Linglong em Ponta Grossa simboliza mais do que um avanço industrial — trata-se de um movimento estratégico que posiciona o Paraná no radar global da indústria automotiva e de alta tecnologia. Em um cenário competitivo, o Estado soube aliar planejamento público, infraestrutura de qualidade e incentivos inteligentes para atrair investimentos que não apenas geram empregos, mas transformam realidades regionais. Ponta Grossa, mais uma vez, confirma sua vocação industrial e potencial logístico, projetando-se como um novo epicentro da inovação no setor automotivo da América Latina.
Fonte:AEN