
Com um rombo de R$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre de 2025 — alta de 115% em relação ao mesmo período de 2024 — os Correios abriram uma licitação para a contratação de quatro veículos executivos com motorista, destinados ao uso da diretoria da estatal. O contrato terá duração de 30 meses e atenderá à sede da empresa, em Brasília.
Segundo o edital, os veículos devem ser SUVs grandes ou sedãs médios, com quatro portas, cor escura (preferencialmente preta), e equipados com central multimídia, som automotivo, conexão Bluetooth e USB. Os carros deverão ser trocados se ultrapassarem três anos de fabricação ou 120 mil km rodados. Os motoristas devem estar uniformizados com traje social.
O contrato prevê o uso de até 1.000 km por mês, com possibilidade de acúmulo da quilometragem não utilizada. Os carros também devem ter porta-malas com pelo menos 300 litros e película automotiva. O valor total da licitação não foi divulgado, o que reforça as críticas em torno da transparência e da prioridade na alocação dos recursos públicos.
A medida, revelada pela revista Veja, acentuou o contraste entre a crise financeira da estatal e os benefícios reservados à cúpula administrativa. Em meio a debates sobre a eficiência e o papel das estatais, a decisão levanta dúvidas: é um serviço essencial — ou luxo fora de hora?
Em um cenário de prejuízo bilionário e pressão por responsabilidade fiscal, a licitação dos Correios para veículos com padrão de alto luxo soa como uma escolha política e simbólica. Para uma estatal que pede socorro, o custo da imagem pode ser mais alto que o do contrato.
Fonte: Gazeta do Povo